Poucos dias após o Guaratinguetá oficializar a saída do Vale do Paraíba e a mudança para a cidade de Americana, o futebol paulista pode presenciar mais uma migração. Travando uma batalha judicial com a Prefeitura de São Caetano do Sul a respeito da reintegração de posse da sede do clube, a equipe do ABC paulista, sentindo-se desrespeitada, estuda buscar novos ares.
O entrave teve início em junho deste ano, quando a Câmara aprovou uma lei de municipalização dos clubes. Segundo o processo, a intenção é recuperar as áreas cedidas em regime de comodato e integrá-las aos cidadãos sob a forma de centros culturais.
A sede da Associação Desportiva São Caetano, clube fundado em 1990 e que recebeu o espaço em 1992, está entre os lugares a serem empossados pela prefeitura. O secretário de Esportes e Turismo, Mauro Roberto Chekin, explicou que o time perdeu na Justiça e que a exceção não pode ser aberta porque será uma injustiça com os outros clubes da cidade.
"Todos os centros esportivos foram devolvidos ao município. A AD São Caetano não havia concordado, apelou na Justiça e perdeu. Fora proposto ao presidente Nairo que ele abrisse a porta do clube à população. E ele não quer isso, ele quer ficar com o clube. E isso não é justo com os outros. Não vamos municipalizar 14 e deixar um fora", argumentou.
Insatisfeito com o iminente "despejo", o mandatário da equipe do ABC paulista, que protagonizou uma ascensão meteórica no final do século passado, quando, inclusive, chegou à final da Libertadores da América de 2002, Nairo Ferreira de Souza, considera o processo uma afronta ao clube e afirma que o São Caetano irá jogar onde quiserem que ele esteja.
"Não estamos muito preocupados com isso. Se a cidade achar por bem pegar a sede social de volta, nós montamos um escritório e vamos para outro lugar. O futebol não vai acabar. Eu só acho um desrespeito com o São Caetano, um clube que levou o nome da cidade para o mundo inteiro. Vamos aguardar o desfecho da história, mas não nos importamos com isso. Pode até acontecer (uma migração), vamos ficar em um lugar que queira a gente. Não que a cidade não goste, ela, a população, gosta, mas eu digo a administração", desabafou.
Jairo aproveitou para criticar a iniciativa da prefeitura, denunciando que o objetivo inicial já tomou um rumo diferente. "Eles estão pegando as áreas de volta e fazendo centros de atletismo", em alusão à concessão municipal à BM&F Bovespa, que lançou, no início da semana, um projeto onde se encontra o São José com a promessa de investir cerca de R$15 milhões na reforma do espaço, que está sucateado. Atletas, como a saltadora Fabiana Murer e o maratonista Maríllson Gomes do Santos, serão beneficiados com um local adequado e digno para treinar.
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